O seminário de história moderna na Casa de Velázquez foi confiado este ano aos Professores Jean-Frédéric Schaub (EHESS-CHAM) e António de Almeida Mendes (Universidade de Nantes - CHAM). O seminário incidirá sobre uma reavaliação da história do mundo ibero-atlântico entre os séculos XV e XVIII.
O seminário terá lugar nos dias 10 de Janeiro, 14 de Fevereiro, 14 de Março e 11 de Abril de 2011 no Centro de História de Além-Mar, em Lisboa. Para a ocasião Jean-Frédéric Schaub e António de Almeida Mendes convidaram vários especialistas, com o intuito de iniciar os participantes aos debates historiográficos mais recentes sobre a história do Atlântico.
O seminário terá lugar no Centro de História de Além-Mar, Universidade Nova de Lisboa,
Avenida de Berna, 26 C, 1069-061 Lisboa / 2,19 Gabinete - Edifício DRM
E-mail: cham@fcsh.unl.pt
Tel: 00 351 2179 7215 1
Fax: 00 351 2179 0830 8
Apresentação
A historiografia norte-americana produziu até hoje o paradigma dominante na história atlântica. Os fenómenos sociais e políticos que vão desde o tráfico de escravos até a Guerra Revolucionária foram até recentemente o centro dos debates. Um questionamento sobre o tempo longo da colonização, a saber desde o final da Idade Média, traz alterações a este modelo. Esta tendência liga a expansão britânica na Irlanda, na América do Norte e no Caribe. A questão da colonização interna do continente norte-americano durante um longo período foi ela também objecto de reavaliações. No Brasil, encontramos uma situação semelhante. O modelo do "antigo sistema colonial português", tal como o definiu Fernando Novais, orienta a pesquisa para um longo século XVIII. A organização da conquista da Amazônia, a perseguição dos "conversos" vindos de Europa, a ocupação do Nordeste pelos Holandeses, a escravização de populações nativas de América foram objecto de reflexões nos últimos anos.
A questão do Atlântico muda de sentido quando integramos as primeiras viagens atlânticas dos séculos XIV e XV. Assim, a conquista dos arquipélagos atlânticos retoma a sua profundidade cronológica medieval, ou seja, a sua dimensão mediterrânica. O historiador português Luís Adão da Fonseca mostrou como o primeiro século de navegação no Atlântico e ao longo da costa africana vê a extensão da concepção mediterrânica das zonas marítimas. A exploração da costa africana é a grande contribuição da sociedade portuguesa ao século XV : ela começa com a conquista de Ceuta em 1415, sob um impulso que continua a ser o da Reconquista e das Cruzadas. Este recentragem cronológica chama um outro espaço para os estudos do Atlântico, ligando-os aos estudos sobre o Mediterrâneo.
Pesquisas recentes permitem completar os nossos conhecimentos sobre as fases iniciais do comércio de escravos. O período que vai dos séculos XIV a XVII viu o desenvolvimento de circuitos de África para a Europa, e de África para as Américas. Os mercados de escravos da Península Ibérica irrigaram as metrópoles e as conquistas territoriais do Atlântico. Eles estabelecem uma ligação estreita entre os circuitos mediterrânicos e os novos estabelecimentos oceanicos. Nos dois países ibéricos, essa tomada em conta do elo entre a formação sóciopolítica e económica dos espaços atlânticos e das experiências mediterrânicas é um antiga.
Programa
10 de Janeiro de 2011
A experiência mediterrânica e a expansão atlântica
9h30-10h15
Apertura
João Paulo Oliveira e Costa
Director do CHAM
Jean-Pierre Étienvre
Director do Casa de Velázquez
Introdução
Jean-Frédéric Schaub
EHESS-CHAM
António de Almeida Mendes
Universidade de Nantes - CHAM
Pausa
10h30-13h
João Paulo Oliveira e Costa
CHAM
Os primórdios da rivalidade luso-castelhana pelos espaços ultramarinos
15h-18h
Wolfgang Kaiser
Université Paris I
Chassés croisés. Expériences méditerranéennes et innovations atlantiques dans l’économie de la rançon
Pausa
Fabienne Guillén
Université de Pau et des Pays de l’Adour
Espaces, réseaux et modèles de la captivité et de l'esclavage.
Répétitions et différences de la Méditerranée au proche Atlantique hispanique. (XVe-XVIe siècle)
14 de Fevereiro de 2011
O papel pioneiro dos arquipélagos atlânticos
10h-13h
Jean-Frédéric Schaub
EHESS-CHAM
Rivalidades luso-otomanas no Atlântico
Pausa
José Damião Rodrigues
Universidade dos Açores-CHAM
A experiência insular: modelos políticos e sociais na primeira modernidade
15h-17h
António de Almeida Mendes
Université de Nantes-CHAM
As ilhas atlânticos: sociedades novas, novas práticas? (séc. XV-XVI)
14 de Março de 2011
Do medo dos sarracenos à presença otomana no Atlântico
10h-13h
David Abulafia
Cambridge University
Inhabited and uninhabited islands: economic resources and European responses
Pausa
Miguel Ángel de Bunes
CSIC
La llegada de los otomanos al Estrecho de Gibraltar: la expansión de la guerra Mediterránea al Atlántico
15h-17h
Nelson Veríssimo
Universidade da Madeira-CHAM
Piratas e corsários no Arquipélago da Madeira: sécs. XVI e XVII
11 de Abril de 2011
Limpeza de sangue e expansão
10h-13h
Ângela Barreto Xavier
ICS
Bramanismo e Limpeza de Sangue. Tensões e convergências entre «colonizadores» e «colonizados» na Goa da época moderna
Pausa
José Alberto Tavim
Instituto de Investigação Científica Tropical
Judeus e cristãos-novos: a impureza que permanece
15h-17h
Silvia Sebastiani
EHESS
Caractères nationaux et caractères raciaux de l’Europe à l’Atlantique : le débat écossais